Quantas e quantas vezes tentamos dizer uma coisa, achamos que dissemos e, no fim, percebemos que o conteúdo comunicado não foi exatamente aquilo que tínhamos imaginado? E no fim, esse desentendimento ou equívoco pode resultar em vários problemas. Mais importante do que tentar entender o que o outro está falando é tentar detalhar o máximo possível do que queremos expressar.

Existem vários itens que podem tanto atrapalhar a sua expressão quanto o seu entendimento. Algumas delas são: mágoas, ofensas, frustrações, sofrimentos e inveja. Pode ser difícil admitir, mas em nosso cotidiano, a inveja está presente não só nos outros, mas em nós mesmos.

Um dos maiores pontos a ser discutidos dentro de uma comunicação é a definição sobre o que é entendimento. Alguns acham que o entender está ligado a ser subordinado, o que é uma grande falsa verdade. Normalmente este tipo de conceituação é ligado aos gestores e coordenadores das áreas que acham que uma pessoa só entendeu o que lhe disseram se fizerem o que foi dito, ou seja, se um profissional não o fizer, não quer dizer que ele tenha opinião própria ou, por proatividade, deixou de fazê-lo, pois visualizou as problemáticas futuras, mas sim que não entenderam o que foi explicitado.

Outros acham que só houve entendimento quando há um consenso e um acordo sobre o que foi exposto, o que também é uma falsa verdade. Esse tipo de pensamento deixa o que chamamos de comunicação de lado e parte literalmente para a discussão, o que pode gerar verdadeiros bate-bocas de opiniões avessas, perdendo no fim, toda a eficiência que poderia ter. Esta visão normalmente vem de pessoas autoritárias. E por mais engraçado que seja, pessoas autoritárias só são assim porque, no fim, não sabem se fazer entender. Dessa forma, a pessoa acaba se irritando por achar que são os outros que não a compreendem e tornam-se pessoas inflexíveis, assim como o nível de autoritarismo se torna cada vez maior. Normalmente essas pessoas são cercadas de pessoas que têm medo e se mostram amigos (mas não o são de verdade), e no fim, sentem bastante solidão.

Tal impasse só acabará de duas formas. A primeira delas levará novamente ao erro, pois uma das partes acabará por calar-se e entraremos de novo na conceituação de subordinação. A outra, e mais correta, é que todos temos que ter ciência de que as pessoas têm opiniões próprias e conceituações diferentes, eliminando a necessidade da concordância para ter o entendimento. Tais opiniões não precisam ser necessariamente opostas, mas podem, na maior parte dos casos, ser complementares.

Além desses, existem muitas outras formas de definir erroneamente o que é o entendimento, mas todas elas levarão a um problema de diálogo.

Racionalizar diante de uma comunicação pode ser bom até certo ponto. Porém, chega-se ao extremo de querer resolver tudo pela matemática, o que gerará um problema quando se fala de comunicação, pois esta é intrinsecamente ligada às pessoas, e não à lógica.

Outros confundem o interpretar e o ser eficiente. Principalmente no meio corporativo, quando uma comunicação passa pela pauta diante de um problema conhecido, deve-se levar em conta que todos ali envolvidos têm uma opinião particular sobre aquele assunto e que eles devem ser ouvidos. Não basta simplesmente colocar a questão para ser interpretada. A eficiência é alcançada de fato quando várias cabeças propõem soluções que, muitas vezes, poderão ser muito parecidas com a visão da maioria, criando assim consenso e produtividade.

Algo a ser lembrado principalmente pelos coordenadores e também pelos gestores é o que chamamos de fundamentação. Apenas ouvir o que tem que ser feito sem saber o porquê de ser feito é ruim, pois acabamos caindo novamente no autoritarismo. A fundamentação, além de explicitar da forma mais clara possível a comunicação, também leva à automatização na construção de futuros líderes, além de agregar valor sentimental das pessoas ao ambiente em que trabalham, pois se sentirão acolhidas e ouvidas.  Quem não fundamenta, não se compromete.

Fundamentar algo demonstra que a pessoa está comprometida com aquele foco, além de estar preparado para enfrentar o assunto. Grande parte das pessoas quer expor suas ideias, porém, não conseguem, por um lado, fundamentar, e por outro, admitir que não estão preparados para participar daquela comunicação, por um sentimento simples: para a grande maioria, não participar pode significar ser inferior.

Em resumo, quem quer ter uma boa comunicação e se fazer entender, livrando-se de possíveis problemas, deve antes de tudo saber ouvir (tendo consciência das opiniões individualizadas) e, na hora de falar, saber fundamentar.

Comunicação é tudo.