Durante muito tempo, o trabalho em TI era para poucos, e esses poucos eram chamados de lobos solitários, principalmente os programadores.

Ai de quem criticasse o trabalho dessas pessoas, achando que seus códigos ou soluções poderiam ser melhores, analisando performances, atualizando a linguagem e até mesmo sua lógica.

O tempo passou, mas por incrível que pareça o comportamento de manter-se isolado e alérgico a críticas permanece em muitos dos profissionais que se dedicam ao mundo da tecnologia. Antes, este tipo de atitude era justificável pela quantidade de desenvolvedores que existiam no mercado, mas hoje… Qual seria a justificativa para tal atitude?

A programação na atualidade, por exemplo, exige do profissional um foco totalmente diferente.  O desenvolvedor tem que ser comunicativo e aceitar críticas. Hoje não se constrói um software ou um sistema sem uma equipe (designers, analistas de processos, testadores, programadores de diversas linguagens, levantador de requisitos e muitos outros). Qualquer falta de harmonia no trabalho de equipe gera uma atmosfera de competição, quebra a engrenagem do produto como um todo e, com certeza, não se chegará ao melhor do que se pode oferecer. E tudo isso por uma questão do ego. É aquele velho pensamento que perdura: “se eu não estivesse aqui, o software não sairia” ou “quem eles pensam que são para dar pitacos na programação que eu fiz? Por acaso, quem é o programador aqui?”

De outro lado, poderá existir, por exemplo, o pensamento do analista de processos: “desenhei todos os processos sozinho, e isso não funcionaria sem mim”.

Esse tipo de situação desgasta o relacionamento e prejudica diretamente qualquer tipo de planejamento e a qualidade do que se vai produzir.

Podemos fazer uma analogia com o funcionamento do helicóptero, onde as hélices superiores são os programadores. Eles são essenciais para o helicóptero voar, correto? Mas o que fariam sozinhas? Para seu funcionamento, elas precisam do motor, do piloto, de combustível, de óleo, do técnico e, mais ainda, precisam daquelas pequenas hélices que ficam na cauda, pois são elas que mantêm o corpo da aeronave sem girar no sentido inverso das hélices principais.

O trabalho do programador não pode ater-se somente à programação. Todos, sem exceção têm que estar abertos a críticas e sugestões, têm que pertencer a uma equipe e, mais profundamente, conscientizar-se de que hoje não se trabalha sozinho e que nada é fruto de apenas uma pessoa.

Foi-se o tempo da produção quase acefálica, onde ninguém precisava realmente pensar antes de executar.

A tarefa de todos, sem exceção, é fundamental para o bom andamento do trabalho, e faz parte do dia a dia aprender a ter o famoso coleguismo.

O trabalho em equipe é idêntico ao das engrenagens. Se elas não trabalharem juntos e não possuírem lubrificação correta, alguma coisa em algum momento vai parar.

Está na hora de esquecer essa coisa de hierarquização, do pensamento centralista, da cabeça egocêntrica. Está na hora da visão ser holística.

Para ter ideia do que estou falando, há um livro no mercado chamado Os Dez Mandamentos de Programação Sem Ego, que, embora tenha sido escrito em 1971, nunca foi tão atual. E digo mais: pode ser utilizado para qualquer área, inclusive para a de negócios.

Nele, os mandamentos não podem ser contraditos, como, por exemplo, “Compreender e aceitar que você vai cometer erros”, ou “Você não é o seu código” e, por fim, “A única constante no mundo, é a mudança”.

Pense nisso e mude.