Já faz algum tempo que o conceito “no stack startup” está virando padrão entre as empresas de tecnologia que atingem sucesso. Em vez de tentarem ser ótimas em várias coisas, as companhias passaram a apenas se concentrar no valor intrínseco que fornecem aos seus clientes, com foco na única coisa em que realmente possam se diferenciar de qualquer outra empresa no mercado.

As startups sempre estiveram repletas de engenheiros ávidos por desenvolver a próxima tecnologia. O novo padrão de mercado. Foi assim com o Google, que criou o  Google File System, cujas implementações técnicas posteriormente deram viabilidade ao Open Source HDFS ( Hadoop File System), atualmente o sistema padrão de mercado para solucionar problemas de big data e bases distribuídas. Se o Google não o fizesse, suas buscas em trilhões de registros não seriam instantâneas. Foi assim também com o Facebook, que desenvolveu um banco de dados NoSQL chamado Cassandra. Essa foi também a realidade de várias outras empresas de tecnologia, que tiveram que reescrever do zero sistemas para entregar experiências diferenciadas aos seus clientes.

Há mais de uma década, quando essas startups de tecnologia começaram, foram obrigadas a literalmente desenvolver toda a sua pilha de tecnologia, pensando em novos paradigmas de infraestrutura e desenvolvimento, pois (aquilo que existia disponível no mercado e que havia sido arquitetado pelas empresas líderes) estavam entregando péssimas experiências aos seus clientes.

As preocupações da época eram bem conhecidas:

  • . Gerenciamento de infraestrutura extremamente complexa e cara;
  • . Informações transmitidas em lotes ao invés de tempo real;
  • . Lentidão visível aos usuários;
  • . Alta complexidade no controle de acesso às aplicações;
  • . Predefinições sistêmicas que dificultavam as alterações a partir de novas demandas de mercado;
  • . Dimensionamento muito fragilizado;
  • . Pouca segurança, disponibilidade e resiliência dos sistemas;
  • . Pouco paralelismo computacional;
  • . Alta complexidade na realização de testes integrados;
  • . Alta dependência externa;
  • . Pouco uso de APIs, etc.

Enfim, nada funcionava a contento e ainda assim tudo era complexo, lento e caro.

Há mais de uma década, se você quisesse romper com o estabelecido no mercado de tecnologia para passar a oferecer uma experiência totalmente nova e diferente na usabilidade do seu produto, você seria obrigado a contratar ótimos engenheiros que deveriam começar sua startup desenvolvendo uma infraestrutura própria, por mais que estivesse hospedada na nuvem. Por exemplo, se o seu produto tivesse a necessidade de escalar absurdamente, sua equipe teria que criar seu próprio sistema de banco de dados NoSQL. Aliás, na época, a cada nova startup que aparecia no mercado, um novo banco de dados NoSQL era anunciado: Google com LevelDB e BigTable, Facebook com Cassandra, LinkedIn com Voldemort, Twitter com FlockDB, entre vários outros exemplos conhecidos.

Naquela época era muito mais caro lançar uma startup. Boa parte dos investimentos iam diretamente para o desenvolvimento do conceito “full stack”. A nuvem era, majoritariamente, utilizada como IaaS  ( infraestrutura como serviço) e o PaaS (plataforma como serviço) ainda estava engatinhando nas empresas de tecnologia que forneciam software como serviço (SaaS).

O conceito de “no stack startup” era uma realidade bem distante dos empreendedores.

Reescreva a sua empresa

O fundador e CEO da Box, Aaron Levie, disse a seguinte frase: “Don’t rewrite your software. Rewrite your company”, em que aconselha os empreendedores a não reescreverem seus softwares, mas sim suas empresas ou as suas ideias.

Em artigo escrito no ano passado, intitulado “Software is still eating the world”, Jeetu Patel, também executivo da Box, aponta que o “tempo é tudo” em companhias de software. E continua explicando que o Uber não é um apenas um aplicativo, mas sim uma empresa, que tem como foco principal fornecer a melhor experiência possível aos seus usuários.

Ora, não é à toa que o Uber roda em infraestrutura fornecida pela AWS, para que seus funcionários não tenham que se preocupar com alta disponibilidade, resiliência e velocidade de suas aplicações. O Uber também executa a sua tecnologia de mapeamento em cima das APIs do Google Maps, para sempre mostra aos seus usuários as rotas mais rápidas e atualizadas, fornecidas por especialistas. As suas mensagens, tanto de texto quanto de voz, são fornecidas pelas APIs do Twilio, e os serviços de e-mail, para envio de recibos e avisos, rodam em cima das APIs do SendGrid, com pagamentos executados pela Braintree-PayPal, conforme a ilustração abaixo.

Fonte: ComputerWorld