Pode até parecer clichê, mas o mundo está mesmo se tornando mais digital. Tecnologias móveis, algoritmos de aprendizado de máquina, armazenamento na nuvem, mídias sociais e blockchain estão reformatando a sociedade e a economia mundial. Empresas como Uber e Airbnb estão reinventando indústrias tradicionais e bem-estabelecidas.

A desintermediação é o novo hype, e isso muda as bases do mundo corporativo. Nenhum segmento está a salvo desta tempestade digital — do financeiro à mídia, da saúde às telecomunicações, os modelos estão sendo desafiados por novas tecnologias e por um novo pensamento da geração denominada millennials.

O mundo das telecomunicações vem sendo ameaçado pelas OTTs já há algum tempo. A receita tem migrado dos serviços de voz para os de dados, e alguns acreditam que o conceito de receita baseado em assinaturas está sob risco.

Em um cenário de ARPUs (receita média por usuário) decrescentes, o que sobra para as empresas de telecomunicações? Na verdade, bastante. IoT, por exemplo, promete multiplicar exponencialmente o número de dispositivos conectados — e isso significa receitas adicionais. Outra fonte de renda é a venda de conteúdo (música, vídeos, jogos, etc.) que tem se intensificado nos últimos anos. De qualquer forma, novas habilidades serão necessárias: mais resiliência para um cenário de aumento da base de dispositivos e mais flexibilidade para entregar (e monetizar) conteúdos sob demanda, entre outras.

O maior problema no momento é que as operadoras de telecomunicações continuam agindo de uma forma extremamente hierárquica, como se fossem silos. Departamentos como engenharia, operações, marketing e TI continuam lutando para colaborar e evoluir suas ofertas na velocidade necessária. É preciso uma organização mais fluida e flexível para lidar com os novos desafios, mas isso parece continuar sendo um objetivo distante — ou eu deveria dizer um sonho?

Felizmente, as tecnologias e melhores práticas evoluem para ajudar. Sob a perspectiva das operações de telecomunicações, DevOps é, definitivamente, uma das mais importantes ferramentas nessa jornada em busca de resiliência e flexibilidade. Em uma realidade ainda moldada por conceitos de OSS/BSS (sistemas de suporte a operações e negócios), DevOps é um aliado que adiciona velocidade e eficiência para as áreas de suprimentos, garantia dos serviços e cobrança (para aqueles que estão familiarizados com o modelo eTOM). Ao encurtar os ciclos de desenvolvimento, DevOps permite que as operações de telecomunicações acompanhem essa nova realidade, sem deixar para trás os sistemas legados.

Sejamos honestos, não há qualquer empresa no mercado que esteja disposta a abandonar totalmente seus sistemas OSS/BSS porque precisam de novos e mais complexos serviços, ou então porque a rede está se tornando mais virtualizada (NFS e SDN). Você provavelmente substituirá algo, mas a maioria será, no máximo, remodelada.

Por fim, escolher a melhor estratégia acabará passando por analytics. Ao conhecer mais profundamente sua operação, você poderá tomar decisões mais inteligentes sobre qual sistema deve ser substituído e qual deve ser remodelado — bem como o tipo de remodelagem a ser empregada. A sobrevivência do negócio se tornou um assunto ainda mais sério agora, não existe mais espaço para pressentimentos.

Sob a ótica da operação, o uso de analytics e DevOps significa entender exatamente o que precisa ser feito e executar rapidamente. De acordo com o senso comum das melhores práticas – tais como “não arrume o que não está quebrado” (analytics) e “faça uma vez, faça rápido e faça certo” (DevOps) – as áreas de operações podem se tornar organizações mais eficientes e responder melhor a essa cruel realidade.

Há um novo mantra que diz “seja mais leve, mais simples, mais rápido”. Ele o levará a ter uma organização pronta para receber o futuro, processar a avalanche de dados geradas por IoT e lidar com toda a complexidade adicionada pelos serviços sob demanda.

Seja bem-vindo às operações inteligentes. Bem-vindo ao futuro.

Fonte: ComputerWorld