Home office na pandemia esteve associado a mais queixas por dores e problemas emocionais.  Foto: GI/Getty Images

Maior dependência da tecnologia no ambiente de trabalho exige que empresas e funcionários dediquem um olhar especial à saúde mental

Você já parou para pensar que, durante a semana, passamos, em média, 50% do nosso tempo acordado trabalhando? Isso se contabilizarmos oito horas por dia, mas conheço muita gente que passa mais tempo convivendo com colegas de trabalho do que com os familiares. É aquela velha história de morar no trabalho e visitar sua própria casa.

Entendo que o trabalho é um termômetro do nosso sucesso e das nossas conquistas, só que ele é também o protagonista das mais variadas situações de estresse que a gente pode imaginar.

Em uma pesquisa encomendada pela empresa de tecnologia Citrix, 67% dos trabalhadores disseram que estar sempre conectado causa um impacto consideravelmente negativo em sua saúde e bem-estar. Neste período de pandemia e isolamento social, tivemos que levar o trabalho para casa e aumentamos de forma intensiva o tempo online — não necessariamente produzindo mais e melhor.

No início, houve aquela sensação de euforia pela economia de tempo de deslocamento e pela chance de passar mais tempo com a família, mas, logo depois, viu-se que muitos não estavam preparados para o home office, seja em relação à infraestrutura tecnológica, seja em relação à saúde emocional para fazer dois mundos coexistirem em um só.

Considerando que boa parte dos brasileiros já está há mais de um ano nessa toada, não é de espantar o sensível aumento nos casos de transtornos que se originam do estresse, quando ele não é administrado adequadamente. Um processo que pode se transformar em burnout, o esgotamento profissional. Essa síndrome totalmente associada ao trabalho acomete cerca de 30% dos brasileiros segundo dados do International Stress Management Association (Isma).

Por isso, é tempo de priorizar a saúde mental e mostrar às pessoas que o estresse no ambiente profissional e o burnout precisam ser levados a sério. É importante que empresas entreguem ao mercado e passem a adotar tecnologias que possam melhorar a experiência e o bem-estar no novo modelo de trabalho (cada vez mais digital). Nesse sentido, a tecnologia continuará sendo uma forte aliada na transformação do espaço e de processos de trabalho, o que é ainda mais latente neste momento de adaptação total a uma nova cultura corporativa.

Com o objetivo de garantir que o trabalhador esteja amparado com as ferramentas necessárias para ser produtivo e mentalmente saudável longe do escritório e trabalhando de qualquer lugar, os setores de Tecnologia da Informação (TI) e de RH precisam estar alinhados. Diante da dependência cada vez maior da tecnologia, empresas e funcionários devem buscar ter à sua disposição recursos que permitam cumprir seu trabalho sem gerar esgotamento.

O momento exige um protagonismo dos setores de RH para se armar de todo um ferramental e fazer sua parte na prevenção do burnout. O primeiro passo para isso é olhar para o bem-estar dos colaboradores e conhecer os novos instrumentos que podem ser utilizados a seu favor.

Luis Banhara é diretor-geral da Citrix Brasil

Fonte: https://saude.abril.com.br/blog/com-a-palavra/o-papel-da-tecnologia-no-suporte-ao-bem-estar-do-trabalhador/