Bianca Carmignani, responsável pela área de RH da Nespresso: treinamentos internos na área de tecnologia como estratégia Foto: Edilson Dantas / Agência O Globo

RIO – A digitalização dos negócios, acelerada na pandemia, abre cada vez mais oportunidades de trabalho na área de Tecnologia da Informação (TI), mas muitas vagas não são preenchidas por falta de profissionais qualificados em plena crise econômica.

Para superar o déficit de mão de obra na área de TI, empresas estão investindo em capacitação interna, treinando os profissionais que já estão em suas equipes, mas em diferentes áreas.

Carolina Veroneze (esquerda ) era da área comercial da Nespresso e agora lida com tecnologia em seu dia a dia sob estímulo de Bianca Carmignani, do RH da empresa Foto: Edilson Dantas / Agência O Globo

Profissionais de marketing, comunicação e recursos humanos passaram a conviver com inteligência artificial, códigos, nuvem e análise de dados em programas patrocinados pelos próprios empregadores.

Para esses trabalhadores, é uma oportunidade de se reciclar, crescer profissionalmente na empresa e aplicar novas ferramentas a seus processos operacionais e de inovação.

Conheça a seguir a experiência de alguns profissionais que passam por essa transição.

‘Estudo de duas a três horas por dia’

William Costa Lima, líder de RPA na Ocyan

William Costa Lima trabalha na Ocyan: TI passou a fazer parte do seu dia a dia Foto: Maria Isabel Oliveira / Agência O Globo

O administrador William Costa Lima foi contratado originalmente para o setor financeiro da petroleira Ocyan, mas hoje se aventura na tecnologia.

Logo depois entrar, ele se interessou pela parte técnica das ferramentas digitais que usava em seu dia a dia. O executivo de 33 anos fez um treinamento na empresa para lidar com desafios tecnológicos e resolveu se especializar em automação robótica de processos (RPA).

Hoje, lidera uma área de RPA na petroleira, mas diz que a mudança requer mais que cursos:

— Estudo de duas a três horas por dia após o trabalho. Ir para a área de tecnologia demanda bastante esforço. Não é só entender de automação de processos, mas também de infraestrutura, softwares e outras partes complementares. É desafiador.

‘Você aprende uma linguagem técnica’

Daniele Sant’ana, gerente na TIM

Daniele Sant’ana trabalha na TIM e passa por treinamento em TI Foto: Fabio Rossi / Agência O Globo

Há mais de dez anos na TIM, Daniele Sant’ana, gerente na área de processos em relacionamento com o cliente da operadora, viu nos cursos de tecnologia oferecidos pela empresa uma oportunidade de ampliar seus horizontes.

Aos 47 anos, ela passou a fazer treinamentos e começou a aplicar as novas técnicas em projetos de sua área de atuação.

Daniela destaca que um dos principais benefícios é usar o aprendizado dos treinamentos em equipes com pessoas de diferentes áreas e formações:

— Isso é muito enriquecedor, pois você aprende uma linguagem técnica e começa a ter contato com novos conteúdos. Hoje, a área de atendimento, por exemplo, tem muita tecnologia, com uso de chatbots (robôs). Antes, você ficava na dependência de uma área técnica, o que tornava tudo mais devagar e hoje, com essa integração, aumenta o leque e a velocidade.

‘Aprendi como os programas funcionam’

Carolina Veroneze, coordenadora na Nespresso

Carolina Veroneze trabalha na Nespresso Foto: Edilson Dantas / Agência O Globo

Coordenadora de UX e Projetos da Nespresso, Carolina Veroneze, de 35 anos, se formou em Comunicação Social, mas começou a trabalhar como estagiária na central de atendimento da empresa há 11 anos.

Ao longo desta trajetória, foi migrando para o e-commerce e, ao perceber que a área está cada vez mais diretamente ligada à tecnologia, passou a fazer cursos nessa área dentro da empresa.

Decidiu unir, então, seu interesse pelo ambiente digital às novas oportunidades que começaram a surgir.

— Junto com a empresa fui vendo onde poderia avançar e traçando a capacitação que precisava. Aprendi como os programas funcionam para compreender quais as ferramentas tenho à mão, pois minha área é voltada para melhorar a usabilidade do consumidor no site e no app.

‘Visão além do dia a dia’

Marcelo Boldrini, gerente na Oi

Marcelo Boldrini, funcionário da Oi que recebe treinamento para atuar em projetos de Tecnologia da Informação Foto: Arquivo Pessoal

Há quatro anos na Oi, Marcelo Boldrini ocupa o cargo de gerente de marketing e vem aproveitando os cursos de capacitação em tecnologia para ampliar seu conhecimento dentro da própria empresa, que criou uma universidade interna para treinar os funcionários.

— É possível ampliar a visão além dos temas do dia a dia. Também consegui aplicar na gestão de projetos e da equipe modelos usados no mundo de TI.

‘Sempre gostei e tinha afinidade’

Viviane Xavier, profissional de TI na RNI

Viviane Xavier entrou na incorporadora imobiliária RNI no atendimento ao cliente e hoje está na tecnologia. Foto: Arquivo pessoal

Viviane Xavier, trabalhava como atendente ao cliente da incorporadora RNI, do Grupo Rodobens. Após assistir a uma das apresentações da empresa sobre um novo sistema tecnológico que usariam, ela se interessou pelo tema e começou um processo de especialização internamente.

— Sempre gostei e tinha afinidade. Participei de várias reuniões sobre o novo sistema e a equipe de TI me convidou para participar da implementação. Para isso, fez vários cursos, alguns gratuitos e outros pagos pela empresa para poder aprender a nova função — comemora Viviane, feliz com a nova fase na vida profissional.

‘A tecnologia passa por todas as áreas’

Marina de Almeida, executiva de Inovação da Natura

Marina Cassino de Almeida lidera o laboratório de inovação da Natura Foto: Arquivo Pessoal

A publicitária Marina Cassino de Almeida, de 31 anos, nunca imaginou que trabalharia com tecnologia.

Hoje ela é líder do laboratório de inovação da Natura e comanda uma equipe multidisciplinar que trabalha com protótipos, novas tecnologias e start-ups. Para isso, faz frequentemente cursos de atualização promovidos pela companhia.

— As pessoas têm essa sensação que tecnologia é mais para resolver problemas, mas a transformação digital fez com que eu ficasse mais próxima do negócio e enxergasse a tecnologia de uma forma diferente. Ela passa por todas as áreas e se conecta aos negócios.

Fonte: https://oglobo.globo.com/economia/novas-linguagens-horas-de-estudo-integracao-com-outras-areas-6-profissionais-contam-como-aprendem-ti-na-empresa-25057590