Já pensou em baixar um filme de duas horas no celular em apenas 15 segundos? É com esse apelo que fabricantes de chips e gigantes de infraestrutura iniciaram uma corrida de patentes e lançamentos de equipamentos de olho no próximo degrau tecnológico, o 5G. Enquanto a quarta geração (4G) de telefonia móvel cresce cercada de desafios de cobertura em todo o mundo, o novo padrão vai permitir conectar qualquer tipo de produto à internet e não apenas telefones celulares e computadores.

A rede 5G começará a ser implementada de forma tímida já neste ano em países como Estados Unidos, Coreia do Sul e Japão. A tecnologia terá velocidade de até 20 gigabits por segundo (Gbps) — um gigabit corresponde a mil megabits (Mbps). Já o 4G trafega em até 40 Mbps em alguns países, mas, no Brasil, alcança até 15 Mbps, ressalta a consultoria OpenSignal.

Especialistas projetam para o 5G um crescimento tão rápido quanto sua velocidade: espera-se que o número de aparelhos conectados passe dos atuais 6 bilhões para mais de 50 bilhões nos primeiros anos após a implantação. No Mobile World Congress, evento que reúne o setor esta semana em Barcelona, dezenas de protótipos e projetos-piloto de 5G ganharam destaque em estandes de companhias como Qualcomm, Ericsson e Intel.

— O 5G é um novo patamar. É como a eletricidade que mudou a forma como a sociedade se relaciona com as coisas. Vai permitir a conectividade de tudo. Já começamos a registrar patentes essenciais, assim como fizemos com 3G e 4G. Porém, o 5G traz desafios, pois é preciso ter uma arquitetura que permita conversar com setores tão distintos e que consiga suportar um crescimento alto de itens conectados — disse Rafael Steinhauser, presidente da Qualcomm para a América Latina.

Segundo ele, a rede 5G terá o que o mercado chama de baixa latência. Ou seja, a informação chega em tempo real e sem interrupção, essencial para segmentos como o de carros conectados, saúde (com monitoramento de pacientes) e agricultura. Em março, informa o executivo, as empresas do setor se reúnem em Genebra para antecipar a definição do padrão de 2020 já para o fim deste ano.

Busca por ganhar escala

A Nokia, em seu estande, está expondo a tecnologia que vai permitir velocidade até 3 giga por segundo, a ser lançada no fim deste ano. A T-Mobile e a Ericsson também expuseram equipamentos de acesso ao 5G.

Para Marco Galván, diretor de desenvolvimento estratégico da GSMA, associação internacional de operadoras de telefonia, a disputa entre os fabricantes visa a ganhar escala:

— A indústria precisa de equipamentos em escala.

O Brasil deve lançar a rede 5G só em 2019, mas já quer pegar carona nesse movimento. No congresso em Barcelona, o governo brasileiro assinou com empresas e entidades memorando de entendimento para desenvolvimento da rede de 5G. A SindiTelebrasil faz parte do acordo.

O governo também fez parceria com a Aliança para Inovação da Internet das Coisas, associação ligada à União Europeia, para trocar informações sobre sistemas e rede 5G. O governo criou, ainda, o Plano Nacional de Internet das Coisas, que aponta as diretrizes para a criação de políticas públicas. Para isso, serão identificados, ao longo deste ano, setores que podem ser beneficiados.

 Fonte: PEGN