Programmer or computer hacker typing on laptop keyboard

A pergunta que gira em torno dos profissionais que querem fazer parte do setor de Tecnologia da Informação não raramente é: se existem tantas vagas no mercado de TI, por que não consigo emprego?

E a resposta é clara: hoje esse setor vive o “apagão de talentos”, independentemente de a demanda da empresa ser interna ou externa.
Dados publicados pela Fundação Getulio Vargas (FGV) demonstram que, até o ano de 2014, de todas as vagas que serão abertas, cerca de 800 mil não conseguirão encontrar profissionais qualificados.

Neste ano de 2012, tem-se por base que existam cerca de 90 mil vagas abertas para TI. Mas causa espanto a quantidade de profissionais com formação acadêmica em Tecnologia da Informação que estão buscando uma recolocação ou que trabalham fora de sua área. Outro fato curioso é que somente de 10% a 15% dos que se inscrevem e começam algum curso superior em TI conseguem terminá-lo.

Se, segundo o IDC, esse setor cresceu mais de 13% em 2011 comparado ao ano de 2010, por que então está havendo uma disparidade tão grande entre oportunidades e candidatos, mesmo com incentivos fiscais para empresas de TI? Há algum culpado nessa história?

Existem alguns pontos que podem nos ajudar a fazer uma análise para esta pergunta.

Atualmente temos centenas de faculdades e cursos de TI sendo abertos quase sem nenhum tipo de restrição. E dentro desses, o que mais encontramos são professores sem nenhum tipo de especialização e alguns até didaticamente desqualificados para lecionar. Esses fatores têm impacto direto na formação dos alunos, que saem para o mercado sem informação e conteúdo. Há também o baixo grau de desempenho dessas instituições de ensino, com pouquíssimas parcerias com empresas de TI. Por tudo isso, o caminho das contratações seguiu em direção à crescente exigência das famosas certificações.

E aí então criamos um ciclo, pois grande quantidade de pessoas não tem uma situação financeira que favoreça o investimento maciço em certificações e, por consequência, procura essas faculdades que citamos anteriormente, as quais oferecem cursos a preços muito acessíveis.

Por outro lado, há muitos que fazem faculdade porque acham que o simples fato de conseguirem um diploma gerará um emprego. Total engano. Na maior parte das vezes, os que não se esforçam para o autodesenvolvimento poderão até conseguir um emprego, mas este, mesmo sendo em qualquer área, lhes dará uma remuneração de acordo com a dedicação que tiveram nos estudos, ou seja, de medíocre para baixo.

Quer outro embate?

Com o crescimento vertiginoso do setor de TI, o número de empresas de Recrutamento e Seleção que se dizem focados nessa área também aumentou muito, porém a estrutura que possuem para fazê-lo é a pior possível, e o conhecimento necessário dos recrutadores também deixa a desejar.

Outro fator que reprime a contratação é que hoje os empresários levam em conta os gastos com o deslocamento do profissional para o trabalho, o que restringe o caminho dos recrutadores para profissionais que residam nas proximidades. Eles se esquecem ou se mantêm num conceito antigo de que o trabalhador tem que estar necessariamente dentro da empresa para trabalhar e deixam de lado o home-office ou o chamado “trabalho remoto”.

Há empresas que têm uma visão mais globalizada, que contratam profissionais ao redor do mundo e estes realizam e entregam seus trabalhos de forma on-line. Este tipo de contratação suaviza os gastos com transporte, disponibilização de local físico, maquinário e softwares, entre outros, e quebra as barreiras do distanciamento, não importando se o profissional mora no quarteirão ao lado da empresa ou em outro continente.

Mas…

Todas essas medidas ainda não solucionam o problema da falta de qualificação. Só existe uma saída para o profissional desqualificado, que é justamente buscar a qualificação, mas não necessariamente implicando em ter que pagar além do que se paga por ela. É preciso que os estudantes de hoje cobrem que a faculdade tenha responsabilidade ao formar profissionais, que gere em torno de seu nome muitas parcerias para dar uma chance aos que estão indo ao mercado de trabalho. Esse tipo de atitude obriga os vendedores de ensino a estipularem boas métricas para que seus alunos aprendam.

Não quer confrontar o coordenador, o diretor e muito menos o reitor de onde você estuda? Existem então duas outras soluções:

1) Cursar uma faculdade onde exista conceituação no mercado e tudo que citamos anteriormente.

2) Juntar muito dinheiro para correr atrás de certificações e contar com a sorte para conseguir um emprego.