A expansão do mercado de tecnologia de informação no País tem o desafio de corrigir problemas antigos, como a baixa participação de mulheres no setor. E o cenário dá sinais de mudança.

Em 2019, o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) apontava que a participação feminina em carreiras de tecnologia cresceu 60%, de 27,9 mil para 44,5 mil. Em 2020, a plataforma de recursos humanos Revelo apontou que 12,2% vagas da área foram ocupadas por mulheres. Para mudar o cenário, gigantes lançam iniciativas dedicadas a esse público. Desde 2017, a Intel faz o Cloud Girls, encontro para mulheres discutirem tecnologia. Em 2018, a empresa lançou o Programaria, um meta site sobre mulheres e tecnologia.

Nos cursos superiores, a presença feminina mostra tendência de aumento. A Fundação de Apoio à Tecnologia (FAT), responsável pelos processos seletivos das Fatecs, registrou um crescimento de dez pontos porcentuais no total de candidatas do primeiro semestre de 2021 em comparação com o mesmo período de 2020. Elas foram 47,83%, quase metade dos concorrentes.

Exemplo da representação feminina que vem mudando o panorama no setor de tecnologia, Beatriz Lira, de 18 anos, cursa o primeiro semestre da graduação em Análise e Desenvolvimento de Sistemas da Faculdade de Tecnologia do Estado (Fatec) Ipiranga. O interesse pela área é de longa data: fez o ensino médio técnico em Desenvolvimento de Sistemas na Etec Heliópolis. “Sempre me interessei por tecnologia e, com o passar dos anos, percebi que não tinha como correr dela no mercado de trabalho. Aí resolvi conhecer mais a fundo.”

Em sua lista de referências estão nomes como Steve Jobs, Bill Gates, Elon Musk e outros experts. Porém, a principal é uma mulher: a matemática inglesa Augusta Ada Byron, criadora do primeiro algoritmo. “Em uma área com tantos representantes masculinos, ela é quem mais me inspira a seguir minha carreira.”

Há três meses, Beatriz foi contratada como programadora em uma empresa de consultoria e desenvolvimento de software e soluções digitais. Ela lida com o front end, em que a programação é focada na interface do usuário, em meios como sites e aplicativos. Para outras meninas que pensam em seguir carreira na área, Beatriz dá a dica: “Falaria para não terem medo e serem persistentes. A comunidade de tecnologia é muito grande e tenho certeza de que haverá muitas meninas para ajudar”.

Fonte: Estadão