Aproveitar as novas tecnologias com espírito empreendedor pode ajudar o CIO e sua equipe a criarem uma imagem mais positiva para as áreas de negócio. Mais do que isso, a pensarem em projetos de baixo custos que tragam grandes oportunidades para a organização.

Para ser levado a sério, o departamento de TI deve mostrar o potencial das tecnologias inovadoras e comprovar resultados para a área de negócios. Essa é a chave para tirar o estigma de que o CIO lidera uma equipe operacional e mostrar o quanto os profissionais do TI podem ser estratégicos e dinâmicos.

Claro que desenvolver um projeto inovador requer mais do que simples entendimento sobre a tecnologia em questão. É necessário fazer análises de custo, benefícios e observar profundamente o potencial de geração de receitas – questões nem sempre fáceis para o departamento de TI.

Para evitar que a nova atitude “queime” o profissional mais do que ajude, o melhor é começar com projetos de baixo risco.

Listamos dois exemplos de projetos que têm condições de melhorar a imagem da TI na organização, tornando-a mais estratégica.

1. APIs

APIs não são meras questões de tecnologia. São questões de negócio. Elas estão entre os grandes trunfos dos negócios digitais bem sucedidos, que as utilizam para compartilhar informações e tirar o máximo dos dados que conseguem reunir.

Em uma corporação, funciona da mesma maneira: uma API é capaz de enriquecer as aplicações da empresa, permitindo, por exemplo, uma integração maior entre informações com empresas parceiras, como o compartilhamento de base de consumidores.

As aplicações de hoje devem ser omnichannel (adaptativas a qualquer dispositivo que o usuário use no momento), elásticas (aproveitando o potencial de elasticidade da computação em nuvem), contextuais, intuitivas no seu interface com o usuario e API-oriented.

Impulsionadas por outras tendências como Cloud, Mobilidade e Internet das Coisas, muitas empresas começam a demonstrar interesse em fornecer APIs para seus parceiros e clientes, como também, e de forma mais abrangente, para o ecossistema de desenvolvimento de Apps, para que ele possa fazer com que as informações da empresa cheguem a lugares onde não poderiam chegar com as tradicionais integrações caso a caso.

Vejamos:

@ Mobilidade: o desenvolvimento de aplicativos móveis é sensivelmente facilitado quando a empresa já possui, em seu backend, as APIs para consultas e transações que precisam ser usadas pelos aplicativos móveis;

@ Cloud: as APIs são tipicamente disponibilizadas como uma camada de fronteira localizada na nuvem, que intermedia o acesso aos serviços internos localizados nos sistemas corporativos das empresas.

Mas o uso de APIs deve ser feito com recursos avançados de segurança, pois ao mesmo tempo em que promovem a automação, elas podem abria a porta para ameaças virtuais.

Claro que desenvolver um projeto inovador requer mais do que simples entendimento sobre a tecnologia em questão. É necessário fazer análises de custo/benefício e observar profundamente o potencial de geração de receitas – questões nem sempre fáceis para o departamento de TI. Com as APIs, o departamento de negócios pode entrar como parceiro no projeto para analisar qual o máximo de ganho que pode ser obtido com o compartilhamento de dados com os parceiros.

Além disso, entrar na “API economy” implica em uma clara estratégia de usar TI para gerar novas receitas. Demanda desenhar uma estratégia de APIs e um modelo de receitas (como ganhar dinheiro com as APIs) e existem diversos modelos de negócios. Onde a empresa quer chegar? Como alavancar um ecossistema de desenvolvedores que tenham interesse em usar APIs e criar novas soluções a partir delas? E porque e como sua empresa vai ganhar com isso?

2. Aplicativos móveis

A mobilidade já se tornou a âncora para nossas identidades digitais, proporcionando um hub centralizado, permanentemente conectado com os serviços de informação, entretenimento e conveniência em nossas vidas pessoais e profissionais.

O smartphone já é plataforma dominante nas corporações, mas criar um aplicativo para este dispositivo pode ser um pesadelo. A demanda por desenvolvedores especializados é alta e alguns fabricantes, como a Apple, são muito criteriosos sobre o que é permitido nos equipamentos.

O primeiro aplicativo móvel é sempre um desafio para os líderes de TI. Por um lado, os CIOs ficam entusiasmados com o potencial dos aplicativos móveis, mas na maioria das vezes trabalham pressionados a entregar novos apps, cada vez mais atraentes para usuários móveis, executivos e clientes.

Os líderes de TI já entenderam que para serem realmente úteis, os aplicativos móveis têm de nascer como móveis. Precisam ser desenvolvidos a partir do zero, não só para funcionar bem dentro dos limites das telas de dispositivos móveis, memória e poder de computação limitados, mas também para tirar proveito de recursos que tradicionalmente não estão disponíveis em desktops, como múltiplas câmeras, telas sensíveis ao toque, animação e comunicação multimídia. Mas isso exige que os gestores de TI repensem a mistura de talentos e especialização que eles possuem nos times de design de aplicações, desenvolvimento, gerenciamento e manutenção.

Desenvolver um aplicativo em linguagem HTML, em vez de focar em sistemas operacionais individuais, facilita a implementação em múltiplas plataformas. Usar um código nativo para cada plataforma pode melhorar o desempenho e a integração com recursos bult-in, mas exigirá muito mais esforço.

A principal vantagem desse modelo de Web App é que ele é do tipo “escreva uma vez, transporte para qualquer lugar” ou perto disso. Adaptar para diferentes tipos de equipamentos móveis é fácil. E os programadores podem usar linguagens familiares de web, como o HTML5.

O problema? Tais aplicativos não conseguem tirar vantagem dos recursos dos smartphones e tablets, como GPS e múltiplas câmeras. Para isso, é preciso escrever diferentes versões de cada aplicação usando linguagens de programação, plug-ins e APIs específicas para equipamentos móveis, seja um iPhone ou uma versão específica de Android.

Mas com o avanço do HTML os gestores de TI agora têm uma terceira opção, híbrida, que usa código baseado em web para o corpo do aplicativo e código nativo e plug-ins para tirar proveito dos recursos proprietários de cada sistema operacional móvel.

Empresas que lidam diretamente com consumidores não têm muitas alternativas a não ser dar suporte a múltiplas plataformas. Mesmo quando se trata de usuários internos, executivos de TI reportam diferentes graus de sucesso no controle ou limitação dos aparelhos móveis que os empregados, particularmente os executivos, vão carregar.

Mas lembre-se: desenvolver apps é só um pedaço de uma estratégia bem-sucedida. Primeiro, desenvolver aplicativos não quer dizer apenas escrever códigos, mas também testá-los, o que é essencial para uso interno e entre empresas (B2B). Avalie se você possui tempo e equipe suficientes para testar e resolver os bugs do software, especialmente ao desenvolver para várias plataformas. Isso vai reduzir suas escolhas por plataformas ou em usar uma solução comercial (off-the-shelf). Segundo, uma vez que você se comprometa com o desenvolvimento de aplicativos móveis, especialmente para consumidores, terá de atualizá-las frequentemente. Isso não é fácil ou barato, mas é necessário.

Tem mais. CIOs que quiserem levar suas empresas para o futuro pós-digital devem começar a pensar em estratégias “mobile-only”. E já não há tempo para um “exercício prolongado” de planejamento estratégico.

Não há limites para experimentações

As ideias acima servem mais como guias do que podem ser projetos com o potencial de melhorar o fluxo de caixa e gerar oportunidades de negócios. Nenhum dos exemplos vai mudar os fundamentos da companhia, mas mostram que alguns ajustes extras são capazes de trazer ganhos.

O ideal é que os profissionais pensem em seus próprios projetos de baixo risco e vá plantando a semente. Todos os novos produtos, tecnologias e ferramentas trazem oportunidades como estas. É apenas questão de se antecipar e aproveitar as chances.

Mas, lembre-se: quando o assunto é inovação, a falta de alinhamento entre as áreas do negócio, de autoridade do gestor de TI para monetizar algumas ideias e de atualização dos profissionais envolvidos prejudicam os resultados dos projetos e geram frustração por parte do board.

Para evitar as decepções relacionadas ao padrão aberto de inovação, quando estiverem no comando desses projetos, CIOs devem prestar atenção e priorizar os seguintes quesitos:

• Alinhamento: o gestor de TI deve orientar colaboradores envolvidos no processo de inovação para garantir que suas metas estejam de acordo com as necessidades do negócio ou demandas do mercado na qual a companhia está inserida. É preciso focar as energias nos programas que agradarão consumidores, parceiros, melhorarão o fluxo de trabalho interno ou outra atividade que traga resultados práticos. Para tanto, os líderes devem elaborar políticas eficazes de comunicação com suas equipes;

• Autoridade: o CIO deve ter o poder e a credibilidade suficientes para influenciar o board no sentido de investir nas iniciativas propostas pelos colaboradores e que têm potencial para beneficiar a operação. Além disso, os diretores de TI devem assegurar que a empresa tenha a infraestrutura necessária para pesquisar e desenvolver mecanismos para monetizar as ideias;

• Atualização: um dos maiores desafios enfrentados durante um processo de estímulo à inovação é o desenvolvimento pessoal e profissional dos colaboradores da companhia. Sem funcionários extremamente capacitados, a chance de alcançar os objetivos de criar processos e/ou produtos que tragam resultado positivo ao negócio é quase nula.

Fonte: Computer World