São Paulo – O iPhone Xr é o novo modelo mais barato de smartphone da Apple para 2018. Ele reúne grande parte das principais novidades do iPhone Xs, como o processador A12 e as melhorias de câmera com uso de software, mas não tem uma tela de Oled, que foi uma das mudanças mais marcantes da geração passada. O principal benefício dessa ausente tecnologia é a reprodução de diferentes tons de preto e cinza e a fidelidade de cores. Diferentemente do que acontece no LCD/LED, não há um painel de pixels de retroiluminação. Os pixels se iluminam com a corrente elétrica. A tela também traz outro retrocesso: a resolução não é Full HD. Olhando o iPhone Xr assim, pela ficha técnica, ele talvez não pareça uma boa escolha, mas não é isso que o aparelho mostra no uso diário.
A tela de 6,1 polegadas (828 x 1792 pixels) do smartphone só é um problema para as pessoas aficionadas por resolução de imagem. Quem deseja ter o máximo de qualidade na tela vai precisar escolher um iPhone mais caro de 2018 ou um modelo do ano passado–ou ainda um Android topo de linha. No dia a dia, a resolução do iPhone Xr se mostrou o suficiente para o uso de aplicativos e até mesmo para a reprodução de vídeos na Netflix ou no iTunes.
O único momento em que a tela de LCD se mostrou problemática foi para usar o app de navegação curva a curva Waze, sob luz solar. Enquanto smartphones com telas Amoled (da Samsung) não oferecem problemas para a visualização do aplicativo nessa condição, o display do Xr tornou impossível acompanhar o mapa. Com o Google Maps, isso não aconteceu.
Apesar da polêmica com o recorte (em inglês, notch), que prejudica a interface de alguns aplicativos, o design da Apple se prova bem-sucedido, uma vez que foi copiado por empresas como Asus, Motorola e LG. Ele dá mais espaço para a tela, menos para as bordas e ainda pode acomodar o leitor de rostos Face ID e a câmera frontal.
Com uma variedade de cores mais alegres do que as tradicionais branco e preto, o iPhone Xr segue a mesma linha do iPhone 5c. A diferença é que o 5c chegou com hardware com um ano de defasagem e o Xr chega com a configuração de 2018. O A12 se mostrou um processador realmente poderoso, tanto nos testes feitos em aplicativos de benchmark, que simulam e dão pontos para a performance sob uso intenso, quanto no uso diário.
Bateria
Sob simulação de uso intenso, a bateria do iPhone Xr durou 6h, em nosso teste padrão de reprodução de vídeo online. No dia a dia, conseguimos autonomia de uso das 10h às 18h, com 5h45 minutos de tela ligada (sendo duas horas e meia de uso de Waze, duas horas de jogo e 1h15 de uso diverso de apps de redes sociais e fotos).
A duração da bateria do aparelho foi pior do que a registrada em nossos testes com o iPhone X, no ano passado. O antecessor conseguiu 9h20 de duração, sob as mesmas condições. Com isso, o produto fica abaixo da média de mercado dos smartphones Android, que está em 10h. Ele também perde para o rival Galaxy Note 9, da Samsung, que conseguiu 12h no teste.
Por outro lado, o iPhone Xr, como os demais dispositivos da Apple, faz uma boa gestão de energia em stand-by. Se você se esquecer de colocar o aparelho para carregar durante a noite, você pode ainda ter um pouco de carga na manhã seguinte. Isso também ajuda na autonomia de uso, especialmente se o usuário não for daqueles que não desgrudam os olhos da tela.
Fotografia
Nas fotos, o iPhone Xr se destaca. Ele consegue fazer fotos com fundo desfocado sem ter uma câmera dupla–ou tripla. Isso é possível graças a uma implementação de software da Apple. Com isso, os retratos com efeito bokeh ficam incríveis. Nem sempre sai tudo como esperado, mas, sob as condições certas de iluminação (quanto mais luz, melhor), os resultados são ótimos. O detalhe é que o modo retrato funciona somente para retratos. No iPhone X ou no Xs, você pode usar o recurso para objetos também. No Xr, só com pessoas. Essa é a única limitação que encontramos na câmera do novo iPhone de baixo custo da Apple.
No modo automático, as fotos ficam com ótima qualidade, baixo nível de ruído e bom registro de detalhe. É um iPhone. As fotos ficam boas como na geração anterior, com a diferença de que o uso de inteligência artificial ajuda a melhorar algumas cenas desafiadoras, como cachorros que não param para posar para fotos.
A câmera frontal, apesar de não ter evoluído muito em termos de hardware, evoluiu em software. Os retratos agora ficam com boa qualidade e é possível até mesmo usar um modo retrato, que desfoca o fundo e permite iluminar mais o rosto.
Assim como o iPhone X e suas versões mais novas, o Xr tem suporte para os Memojis, os emojis animados feitos com a cara do usuário. A função é importante porque era um dos diferenciais do X em relação ao iPhone 8. Agora, o recurso para diversão está disponível em todos os iPhones do ano.
Há também as fotos vivas, que permitem o compartilhamento de pequenos clipes animados, com som, ou em formato de gifs. É divertido e nenhuma outra empresa dominou tão bem esse modelo, apesar de Sony e Samsung terem tentado.
Com as novas câmeras, o iPhone Xr entra na briga com o Galaxy S9, da Samsung, que tem um dos melhores conjuntos de câmera do mercado atual. Em relação ao S9+, que tem câmera dupla, o modelo da Apple deixa a desejar no quesito zoom sem perda de qualidade, o que é possibilitado pela lente teleobjetiva do Galaxy.
Vale a pena?
O iPhone Xr vale a pena para quem tem um iPhone 6, 6s ou até o 7. Apesar das melhorias evidentes de performance, o novo produto não é recomendável para donos de iPhones 8, 8 Plus ou X. Essas pessoas encontram opções de upgrade melhores nos modelos Xs e Xs Max, que têm mais recursos, como câmera dupla e modo retrato que funciona para fotografar pessoas ou objetos. Claro que o preço dos iPhones no Brasil é alto, mais alto do que o da grande maioria de smartphones Android mais novos, mas quem estiver disposto a pagar o preço do Xr não irá se arrepender.
Fonte: EXAME