Dois novos mensageiros brilhantes atravessam multidões de estudantes na extensa Universidade Renmin da China, em Pequim, para entregar encomendas ao longo do dia. Mas eles não são entregadores normais.

Vermelho, cinza e pretos, eles são os entregadores do futuro, controlados a 40 km de distância por um centro de comando da gigante de comércio eletrônico JD.com.

Os robôs estão entre as tecnologias que estão revolucionando a vasta indústria de entregas da China, que está enfrentando dificuldades para lidar com o ritmo de crescimento de 50 por cento ao ano em volumes de encomendas.

As principais empresas de entrega da China, como S.F. Express, BEST e ZTO Express começaram a testar robôs e linhas de triagem automatizadas antes do Dia dos Solteiros na China — uma festa de compras online que pode fazer com que até 1,5 bilhão de encomendas sejam enviadas em todo o país.

“Os salários estão aumentando e o custo da tecnologia está realmente diminuindo”, disse Bao Yan, diretor de estratégia da JD Logistics, que gerencia a rede logística da JD.com. “Nós controlamos o processo completo… queremos ter automação em tudo, desde o centro de atendimento ao transporte e a entrega no último quilômetro.”

A revolução robótica não é exclusividade da China. A varejista online Amazon equipa seus armazéns com milhares de robôs desde 2014, o que tem ajudado a reduzir custos operacionais e tempos de entrega.

Armazém da Amazon nos Estados Unidos (Foto: ASSOCIATED PRESS)

Armazém da Amazon nos Estados Unidos (Foto: ASSOCIATED PRESS)

Entretanto, executivos da indústria na China afirmam que estão superando a Amazon ao usarem e desenvolverem a tecnologia mais rápido.

“A taxa de adoção entre empresas chinesas é extremamente rápida. A economia se desenvolve tão rapidamente então todos estão correndo para competir e acompanhar o ritmo”, afirmou Johnny Chou, presidente e fundador da BEST.

Os varejistas online Alibaba, JD.com e S.F. Express estão investindo em programas que envolvem drones, com os quais esperam um dia poder fazer entregas de encomendas na última milha, especialmente em áreas rurais de difícil acesso.

Outros, como a ZTO Express, desenvolveram linhas automatizadas de seleção que podem escanear os produtos e separar as encomendas para destinos diferentes na mesma correia.

Segundo o vice-presidente financeiro da ZTO, James Guo, o número de humanos empregados nessas cadeias pode ser até 67% menor, enquanto os pacotes processados pode ser até cinco vezes maior.

Ao custo de US$ 660 mil cada uma, as linhas automáticas podem separar 25 mil encomendas por hora e empregam 40 trabalhadores. Já uma linha manual separa 4 mil pacotes com ajuda de 120 funcionários. A ZTO tem 44 dessas linhas automáticas.

“Ao economizar em salário anual de 70 a 80 trabalhadores, eu posso recuperar facilmente meu investimento em uma linha”, disse Guo.

Outros executivos da indústria disseram que os salários do setor, que emprega cerca de 3 milhões de funcionários, estão subindo em ritmo de dois dígitos por ano, superando o crescimento da economia da China.

Fonte: G1