A Universidade de São Paulo (USP) abriu o acesso à nuvem computacional para pesquisadores vinculados a qualquer universidade ou instituição de pesquisa realizarem seus projetos.

Os pesquisadores poderão ter acesso, via internet, a um conjunto integrado de servidores, dispositivos de armazenamento e rede de dados que compõem o sistema de computação em nuvem (cloud computing) da universidade – denominado interNuvem USP – mediante a aquisição de créditos.

A aquisição de créditos poderá ser feita usando-se recursos de contratos para pesquisa de agências ou de empresas, inclusive da FAPESP. “Nas propostas de projetos submetidos à FAPESP, o pesquisador proponente pode incluir na rubrica ´serviços de terceiros´ do orçamento solicitado os custos para uso da nuvem como serviço, adicionando a justificativa da necessidade para o projeto”, afirmou Carlos Henrique de Brito Cruz, diretor científico da Fundação.

O objetivo da abertura da nuvem computacional à comunidade de pesquisa é racionalizar o uso dos serviços disponibilizados pelo sistema e também dos recursos públicos aplicados em computação para realização de pesquisas, explicou José Eduardo Ferreira, superintendente de tecnologia da informação da USP.

“Em vez de um pesquisador solicitar recursos para a FAPESP para comprar um servidor físico, que pode tornar-se obsoleto com o passar do tempo, ele pode adquirir créditos oriundos de seu projeto de pesquisa para usar um servidor compartilhado na nuvem com outros pesquisadores”, sublinhou Ferreira.

“A USP e a administração da FAPESP estão em pleno acordo em relação à prestação de contas desses recursos”, acrescentou Antonio Mauro Saraiva, assessor da Pró-Reitoria de Pesquisa da USP.

Os créditos adquiridos pelo pesquisador serão debitados à medida que forem utilizados, proporcionalmente ao tempo de ativação dos recursos computacionais.

Quando os créditos se esgotarem, os pesquisadores deixam de ter acesso à nuvem computacional até que adquiram novos.

Os créditos não utilizados não expiram e podem ser transferidos entre pesquisadores. Um pesquisador que tiver completado sua pesquisa e desejar transferir seu saldo de créditos para outro, por exemplo, pode fazer isso. Ou pode, ainda associar-se a outros pesquisadores para usar os recursos da nuvem computacional de forma cooperativa.

“A iniciativa beneficiará uma ampla gama de pesquisadores, desde aqueles que precisam adquirir seus clusters computacionais – e cuja operação demanda gastos com instalação de energia elétrica, entre outros, custeados pelas universidades ou pela reserva técnica da FAPESP – até os que necessitam rodar programas por um tempo determinado”, exemplifica Roberto Marcondes Cesar Júnior, membro da Coordenação Adjunta de Ciências Exatas e Engenharia da Fundação.

Nuvem interconectada

Implementada em 2012 com apoio da FAPESP, com o objetivo de auxiliar na gestão da tecnologia da informação (TI) da USP, a interNuvem atende tanto às demandas dos pesquisadores da universidade – que necessitam de recursos de computação de alto desempenho e de armazenamento de dados para a realização de suas pesquisas –, como também da administração da instituição.

Além disso, também hospeda a infraestrutura de ensino a distância da universidade.

“A interNuvem tem esse nome porque é uma nuvem interconectada, ou seja, engloba mais de uma nuvem administrada ao mesmo tempo, com vários tipos de acesso e diferentes níveis de capacidade computacional, que se juntam, de forma cooperada, para atender diferentes demandas da universidade”, explicou Ferreira.

A nuvem computacional estava sobrecarregada em razão da falta de regras de utilização.

A fim de regulamentar seu uso, a Pró-Reitoria de Pesquisa da universidade nomeou, em 2015, uma comissão integrada por um grupo gestor de recursos computacionais de alto desempenho e de nuvens interconectadas, composta por professores ligados à área.

Com base em diretrizes debatidas e acordadas por esse grupo gestor, a Pró-Reitoria de Pesquisa e a Superintendência de Tecnologia da Informação (STI) da universidade baixaram uma portaria de normatização do sistema de nuvem e uma circular, de modo a direcionar o uso dos recursos computacionais tanto por pesquisadores vinculados à universidade, como também por usuários externos por meio de um sistema de créditos.

“A ideia de normatizar o uso da interNuvem é a de que quando um pesquisador terminar um projeto e deixar de usar os recursos computacionais, por exemplo, ele libere para que outros pesquisadores possam utilizá-los”, explicou Saraiva.

Para utilizar a nuvem computacional, tanto os pesquisadores vinculados à USP como os de outras universidades e instituições de pesquisa precisam solicitar os recursos desejados por meio de uma interface de serviços.

Os docentes e pesquisadores vinculados à USP podem tem acesso a uma quota única de créditos gratuita e limitada ou a um menu de recursos ilimitados, mediante a aquisição de créditos.

Já os pesquisadores não vinculados à USP podem solicitar uma quantidade ilimitada de recursos com contrapartida financeira para aquisição de créditos.

“Passados três anos, se o pesquisador quiser utilizar a nuvem computacional em um novo projeto de pesquisa, ele terá acesso a recursos completamente atualizados”, disse Saraiva.

Vantagens do sistema

Na opinião de Ferreira, uma das vantagens oferecidas pela nuvem computacional aos usuários é a alta disponibilidade e segurança no uso dos recursos – uma vez que estão hospedados em datacenters com infraestrutura redundante, ou seja, que previne eventuais falhas e oferece alternativas de modo a evitar prejuízos.

Outra vantagem é que o usuário fica livre da manutenção do hardware, uma vez que fica isento da responsabilidade de substituir servidores, atualizar componentes e prover manutenção evolutiva da infraestrutura.

As atualizações de softwares são feitas automaticamente, sem intervenção do usuário e tarifação adicional, explicou Ferreira.

“Mais de 60% da nuvem computacional está em um datacenter fora da USP, que possui qualidade técnica inquestionável”, afirmou.

Desde que começou a operar com novas regras de uso, no final de fevereiro, o sistema já obteve a adesão de mais de 20 projetos – apenas de pesquisadores da USP –, com perspectiva de aporte de recursos da ordem de R$ 3 milhões nos próximos três anos.

A expectativa é que a nuvem computacional também possa ser usada pelo maior número possível de pesquisadores de outras instituições.

“A interNuvem tem plena capacidade de atender à demanda por máquinas virtuais e armazenamento de dados de pesquisadores das universidades e instituições de pesquisa que necessitam de recursos computacionais”, afirmou Ferreira.

Fonte: Exame.com