A atual Previsão de Despesas Mundiais com TI do Gartner supunha que o Reino Unido não deixaria a União Europeia”, lembra John-David Lovelock, vice-presidente de Pesquisa do Gartner,acrescentando que com a saída, provavelmente haverá uma erosão na confiança de negócios e um aumento dos preços que impactarão nas despesas de TI no Reino Unido, na Europa Ocidental e no mundo.

No entanto, segundo o Gartner, o processo de mudança do Reino Unido deve demorar a ser concluído. Sendo assim, a decisão de sair da União Europeia afetará rapidamente as despesas com TI no Reino Unido e na Europa, enquanto outras transformações levarão mais tempo.

A consultoria alerta ainda que a mão de obra pode ser o problema imediato mais amplo. A incerteza em longo prazo no mercado de trabalho tornará o Reino Unido menos atraente para novos trabalhadores estrangeiros. A retenção dos atuais trabalhadores de fora do país e o menor acesso a novos qualificados profissionais de outros países prejudicarão os departamentos de TI no Reino Unido.

Desestabilização de mercados estabelecidos

Lovelok ressalta que o ano de 2016 marcou o início de uma dicotomia surpreendente. Segundo ele, o ritmo de mudanças em TI nunca mais será tão lento quanto atualmente, mas o crescimento global das despesas em TI é mais bem descrito como sem brilho.

“Este é o ano em que o foco se direciona para os negócios digitais, à Internet das Coisas e até mesmo para os negócios algorítmicos. Para sustentar essas novas iniciativas, muitas empresas estão voltando seus esforços para a otimização de custos centrando em novas alternativas digitais”, diz.

SaaS em vez de licenças de software, serviços de LTE (VoLTE) em vez de celulares, e assistentes pessoais digitais em vez de pessoas) para economizar dinheiro, simplificar operações e acelerar o rendimento é o quadro que desenha o executivo.

“É precisamente este novo leque de alternativas ao TI tradicional que fundamentalmente reformulará o que é comprado, quem compra e quanto será gasto”, afirma.

Indicador de tendências

A Previsão de Despesas Mundiais com TI do Gartner é o indicador principal das maiores tendências de tecnologia em hardware, software, serviços de TI e mercados de telecomunicações. A TI global e os executivos de negócios utilizam esses relatórios trimestrais altamente antecipados para reconhecer as oportunidades e desafios de mercado e baseiam suas decisões cruciais de negócio em metodologias comprovadas mais do que em conjecturas.

As despesas com os sistemas de data center devem atingir US$ 174 bilhões em 2016, um aumento de 2% em relação a 2015. O mercado é impulsionado por um crescimento forte nas regiões da Grande China e Europa Ocidental e por um ciclo de atualização no mercado de equipamentos de rede de empresas norte-americanas.

Os gastos globais das empresas com softwares devem alcançar US$ 332 bilhões neste ano, um número 5,8% maior em relação a 2015. A América do Norte é a região dominante por trás desse crescimento. Ela é responsável por US$ 11,6 bilhões dos US$ 24 bilhões de aumento em 2016. Em relação ao mercado segmentado, o de software de gestão de relacionamento com o cliente continua a ter o crescimento mais rápido.

A projeção para despesas com dispositivos é de US$ 627 bilhões até o final de 2016. As questões econômicas relacionadas à Rússia, Japão e Brasil atrasarão a demanda e a recuperação do mercado mundial de PCs neste ano. Além disso, as atualizações do Windows 10 levaram a um atraso na compra de computadores: os consumidores desejam usar seus PCs antigos por mais tempo, já que estão atualizados com Windows 10.

É esperado que as despesas no mercado de serviços de TI aumentem em 3,7%, totalizando US$ 898 bilhões. O Japão é a região com crescimento mais rápido em despesas com serviços de TI, com 8,9% de crescimento. Com um aumento nos projetos de negócio digital, as empresas japonesas estão começando a entender melhor que precisam do suporte de consultorias para transformar seus negócios e para obter recomendações sobre novas tecnologias. De forma crítica, elas agora compreendem o valor real desses serviços e, por consequência, desejam pagar por eles.

Já as despesas com serviços de comunicação devem alcançar um total de US$ 1,38 trilhão em 2016, uma redução de 1,4% com relação a 2015. O Japão lidera o crescimento nesse segmento, com 8,3% de elevação, enquanto a Grande China acrescenta a maior quantia de dólares na despesa, com mais de US$ 8,3 bilhões. A Europa Oriental, a Europa Ocidental e a América do Norte devem diminuir os gastos conforme a guerra de preços e o declínio do uso afetam virtualmente todos os mercados de serviços de comunicação.

Fonte: Bit Magazine