No mês passado, uma empresa causou polêmica nos Estados Unidos ao anunciar que iria implantar chips no corpo de funcionários, como uma investida tecnológica para substituir os antigos crachás, além de chaves e senhas. Hoje, 61 dos 80 funcionários da empresa já têm chips implantados em seus corpos. Agora, a empresa que forneceu os chips pretende começar a fazer o mesmo em companhias aqui no Brasil.
Do tamanho de um grão de arroz, esse chip fica localizado entre os dedos polegar e indicador, e funciona como um código de barras para que leitores digitais o identifiquem, sabendo rapidamente o nome e área de atuação do trabalhador, além de dados de cartões de crédito para que eles consigam comprar itens na cantina da empresa.
Todd Westby, CEO da fabricante dos chips, Three Square Market, explicou que a adesão à instalação dos chips foi totalmente voluntária. “A moral da história é que somos uma empresa de tecnologia e os funcionários naturalmente se interessam pelo que é novo”, declarou. Westby acredita que sua iniciativa gerará uma “revolução como foi a do iPhone”, mas a tecnologia vem sendo criticada por fornecer ao empregador possibilidades de se monitorar os passos que o funcionário dá inclusive nos momentos de descanso, além de monitorar seu trajeto entre a casa e o trabalho e descobrir seus hábitos de consumo.
O CEO explica, contudo, que para esse tipo de monitoramento ser possível, o chip precisaria ser equipado com um GPS, coisa que não foi feita. No entanto, “nós já desenvolvemos toda a tecnologia de um GPS alimentado pela energia do corpo”, revelou Westby.
Planos para o Brasil
“Dois hospitais brasileiros já nos procuraram querendo experimentar a tecnologia”, disse o executivo à BBC Brasil. Ele contou que médicos brasileiros estão particularmente interessados em fazer testes com o chip em pacientes com doenças degenerativas, já que o chip consegue armazenar dados que revelam o histórico do paciente, como registros de medicamentos e tratamentos realizados. “O Brasil será nosso próximo mercado. Sei que vocês também têm uma demanda muito grande no sistema penal”, disse.
Contudo, uma proposta em andamento na Justiça brasileira impede que esse tipo de chip seja instalado em pessoas sem a devida autorização do indivíduo. Sendo assim, é possível que a chegada dos chips da Three Square Market por aqui causem uma polêmica ainda maior do que aconteceu nos EUA.
Privacidade em xeque
Além da questão do GPS no chip, que forneceria ao padrão informações privadas do funcionário, há também a questão da invasão. Esses chips poderiam ser invadidos por hackers? “A tecnologia que estamos usando é passiva. Não tem GPS, portanto o hackeamento é impossível”, responde o empresário, mas, caso haja o GPS, isso pode mudar. E, justamente por isso, o CEO garante que “até que tenhamos a tecnologia 100% segura, ela não será lançada”.
Um outro uso para esse tipo de chip seria pelo sistema penal brasileiro. Westby acredita que a tecnologia possa substituir documentos e até tornozeleiras eletrônicas. “As tornozeleiras eletrônicas existem para monitorar pessoas condenadas, mas são caras e têm logística difícil. O chip resolveria isso”, explica.
Fonte: CanalTech