Tudo ainda é muito recente e não deu tempo para que a poeira baixasse totalmente. Isso porque, na quarta-feira, 7 de setembro de 2016, Dell e EMC concluíram um trâmite iniciado há um ano e protagonizaram o desfecho da parte burocrática do que representa a maior fusão já vista na história do setor de tecnologia da informação até agora.

Pouco mais de 24 horas depois dessa data história para a indústria de TI, presidentes das subsidiárias nacionais das duas fabricante se reuniram com a imprensa brasileira em um escritório na Zona Sul de São Paulo, local que abriga uma das sedes no País da companhia fundada por Michael Dell.

O objetivo daquele encontro era, primeiramente, transmitir a mensagem propagada globalmente de celebração da compra e passar um breve panorama do tamanho da transação de US$ 60 bilhões, que deu origem a maior companhia de capital privado de tecnologia do mundo, com receita estimada em US$ 74 bilhões.

Além disso, a agenda da conversa considerou responder algumas questões sobre o que esperar da atuação das companhias no mercado local. “As empresas continuarão com atuação independente, mantendo sua autonomia”, resumiu Luis Gonçalves, presidente da Dell Brasil.

A nova organização está sustentada em três pilares atuando abaixo de um grande guarda-chuva composto pelas operações de Dell e EMC: soluções computacionais, infraestrutura (que contarão com reforço de tecnologias da RSA e Virtustream) e serviços globais. Paralelo a isso, somam-se negócios alinhados estrategicamente (Pivotal, SecureWorks e VMware).

O plano é garantir independência de ações e, sempre que possível, aproveitar as sinergias existentes entre as sete marcas que compõem a Dell Technologies e, assim, potencializar oportunidades.

“Vai ser permitido [a cada empresa] trabalhar separadamente, mas, quando possível, tentaremos levar soluções em conjunto e, assim, conseguiremos entregar muito mais valor aos clientes”, afirma Carlos Cunha, presidente da EMC no Brasil.

Segundo o líder da subsidiária nacional da Dell, globalmente e especialmente agora, o que a companhia vem pedindo é colaborar comercialmente e em toda atividade de retaguarda que afete o cliente. “Mas queremos acelerar as vendas cruzadas”, acrescenta Cunha.

Do ponto de vista de liderança local, os anúncios ainda estão por vir. Por enquanto, na camada de gestão foi revelado apenas que a organização ficará sob o comando de Michael Dell. Além disso, foram listados alguns executivos que responderão diretamente a ele. “Mas esse é o menor dos desafios”, acrescenta Gonçalves.

Haverá cortes? “Vamos inverter o ponto de vista dessa pergunta. O que posso dizer é que temos diversas vagas abertas”, diz Gonçalves, reforçando a mensagem de que a integração não vem para redução de custo. Porém, nem ele nem Cunha nega que haverá certa sobreposição em áreas de back office.

Sem surpresas

No Brasil, a companhia possui escritórios no Rio Grande do Sul, São Paulo, Rio de Janeiro e Distrito Federal. Além disso, mantém uma unidade fabril em solo nacional, bem como um centro de soluções e um de pesquisa da EMC no Rio de Janeiro e um de desenvolvimento da Dell no Rio Grande do Sul. A ideia é manter e estimular complementaridades em todas essas operações.

Como marco mais importante nesse momento está o fato de que as empresas já começam a trabalhar em conjunto em algumas contas aos clientes, mas a integração entre sistemas, operações e entidades locais está a acontecer.

Em fevereiro, a EMC passa a obedecer um calendário da Dell, uma nova estratégia para os parceiros será apresentada e haverá um integração mais forte nos departamentos de retaguarda – aí sim, esperam-se cortes em algumas posições de apoio ao negócio como nas áreas de direito, marketing, administração, por exemplo.

“E a partir daí é um trabalho que leva mais de ano”, projeta Gonçalves, dando a indícios de que há muita definição a ser tomada até o mercado conseguir ter plena clareza das dimensões desse gigante.

Fonte: Computer World