O CPqD – Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações anunciou nesta terça-feira, 12, a primeira plataforma de código aberto com foco em Internet das Coisas desenvolvida no Brasil ­— e com suporte local. Batizada de Dojot (em alusão uma prática conhecida entre os desenvolvedores de software como Dojo), a plataforma foi desenvolvida com recursos do Funtel (Fundo para o Desenvolvimento Tecnológico das Comunicações), do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicações (MCTIC) e Finep, em parceria com o CTI (Centro de Tecnologia da Informação em Campinas) e a Universidade de Fortaleza.

A Dojot é definida pelo CPqD como uma plataforma habilitadora capaz de acelerar o desenvolvimento de aplicações IoT, com arquitetura baseada em microsserviços e inclui, entre ouros recursos, um painel de controle com interface gráfica web, API (interface de programação) e segurança. De acordo com o pesquisador do CPqD, Leonardo Elias Mariote, os ambientes de IoT necessitam de uma plataforma para fazer a integração entre os vários dispositivos, e a Dojot faz toda essa intermediação, além de controlar, armazenar e garantir a interoperabilidade e segurança.

A base da plataforma, conforme explica Maurício Casotti, que responde pelo marketing do CPqD, é o Fiware, projeto open source criado pela União Europeia, que vem sendo desenvolvido por uma comunidade global independente. O CPqD estudou e avaliou o conjunto de ferramentas e componentes disponíveis para uso e os incorporou à plataforma.

Segundo ele, a Dojot já está disponível para uso e começa a ganhar suas primeiras adesões. Várias empresas estão adotando a plataforma, como é o caso da Taggen, empresa especializada em projetos e soluções de Internet das Coisas que, em parceria com o CPqD, desenvolveu o primeiro beacon Bluetooth Low Energy (BLE) com tecnologia 100% brasileira.

“O principal benefício da plataforma Dojot é a aceleração do processo de desenvolvimento de aplicações, que certamente ajudará na implantação do conceito de IoT no país”, afirma Werter Padilha, CEO da Taggen. “Ao mesmo tempo, por ser uma plataforma aberta, deverá se transformar na base para a criação de um ecossistema de desenvolvedores, empresas e instituições na área de Internet das Coisas.”

Outro parceiro interessado na nova plataforma é a Exati Tecnologia, de Curitiba, com a qual o CPqD — como Unidade Embrapii — desenvolveu um projeto para cidades inteligentes baseado em dispositivo de telegestão para sistemas de iluminação pública – que poderá ser usado também em outros serviços. “A integração da plataforma Dojot à nossa solução deverá facilitar o desenvolvimento de novas aplicações IoT para cidades inteligentes, utilizando o mesmo hardware”, explica Dênis Weis Naressi, CEO da Exati.

Já a IMA – Informática de Municípios Associados, em parceria com a Associação Paulista de Municípios, firmou um convênio com o CPqD pelo qual deverá adotar a plataforma como base para a implantação do conceito de cidade inteligente nos municípios do estado de São Paulo. “A Internet das Coisas deverá ajudar os municípios a atender ao aumento da demanda por serviços públicos, com qualidade e sem necessidade de investimentos financeiros”, diz Leandro Teles, diretor de Tecnologia da IMA. “Porém, a IoT traz vários desafios, principalmente em função do mercado bastante pulverizado e da complexidade tecnológica das soluções. A importância da plataforma Dojot está na criação de uma camada de abstração, que faz com que diferentes dispositivos IoT se conectem e forneçam informações relevantes para os gestores, de forma bem mais simples e sem necessidade de conhecimento técnico”, completa.

 Fonte: ComputerWorld