Se você ainda não ficou sabendo, o Galaxy Note 7 foi a aposta mais incendiária da Samsung dos últimos tempos. Em agosto, logo após o lançamento do modelo, surgiram os primeiros rumores de que o aparelho estava explodindo e pegando fogo.

Dois meses depois, entrar com o treco em um avião nos Estados Unidos se tornou crime federal. Ser pego com essa smart-bomba é arriscar uma multa de até US$ 179.933 (ou mais de R$ 570 mil).

A confusão com o Note 7, que até então estava sendo bem avaliado, começou quando mais de 35 pessoas foram a público dizendo que seus celulares explodiram ou pegaram fogo quando foram colocados para carregar.

A Samsung começou um recall mundial e anunciou que o problema era a bateria – todo mundo que comprou o aparelho deveria desligá-lo e deixar o bichinho descarregar completamente.

Quem não pediu o dinheiro de volta tinha a opção de ganhar um Note 7substituto, de segurança garantida pela Samsung? Pena que não rolou. Os celulares de reposição também explodiam.

Um deles causou um baita susto no aeroporto de Louisville, nos EUA. O jato que ia para Baltimore ainda estava estacionado no portão quando o celular de um dos passageiros começou a soltar fumaça. Ninguém chegou a se machucar, mas o avião teve de ser evacuado.

Não é surpresa, então, que a Administração Federal de Aviação tenha publicado um decreto banindo o Note 7 de todos os voos americanos. Fica proibido levar o celular, seja na bagagem despachada, na mala de mão ou no bolso, mesmo que desligado.

A segurança do aeroporto não vai checar celular por celular, mas se encontrar um dos aparelhos defeituosos, vai entregá-los ao escritório da companhia aérea.

A Samsung decidiu cortar o mal pela raiz e parou de tentar consertar oNote 7 – até porque, graças ao defeito de fabricação, a empresa teve sua pior queda na bolsa da última década, quando se pensa nos resultados de um único dia (uma derrubada de 7% com o anúncio do recall). O modelo foi descontinuado definitivamente e um segundo recall mundial começou.

O pior é que a decisão de matar o Note 7, ainda que seja a opção mais segura, deixou alguns críticos com a impressão de que a Samsung não sabe exatamente qual o problema com a bateria. Mas, segundo a agência Bloomberg, alguns fatores ajudam a explicar o fiasco.

O principal seria a ambição da Samsung de “pegar o vácuo” do iPhone. Como o lançamento da Apple esse ano não teria nenhuma revolução muito relevante, a ideia é que o Galaxy Note 7 suplantasse o concorrente com o máximo de inovação possível.

A demanda subiu e os prazos de entrega ficaram bem mais curtos. O tamanho da bateria precisou aumentar, enquanto o celular ficou praticamente com as mesmas dimensões que a geração anterior – tudo isso colocando em risco a segurança do produto final. Não teve jeito: a pressa foi amiga da explosão.

Fonte: Exame.com