Após 19 dias e a disputa de 42 modalidades, a Olimpíada do Rio de Janeiro chega ao seu fim neste domingo. Os jogos foram marcados por vaias, histórias mal contadas e, é claro, muita superação – não apenas por parte dos atletas, mas também da organização do evento. Afinal, o Rio precisou lidar com problemas estruturais, como a linha incompleta do metrô e a construção dos estádios e da vila dos atletas.

Esse sufoco que a cidade maravilhosa viveu é algo que Tóquio, o próxima cidade sede, não quer passar. Para isso, a capital do Japão já está investindo em inovação e novas tecnologias. Apesar de ainda faltar quatro anos para o evento, já sabemos que Tóquio pode se tornar uma cidade movida a hidrogênio e repleta de carros autônomos. Outras inovações já estão em desenvolvimento e devem mudar a forma como os atletas e os turistas aproveitam as Olimpíadas – e, principalmente, devem trazer um legado para a sociedade japonesa.

Veja a seguir as inovações que Tóquio pode receber para estar pronta para os Jogos Olímpicos 2020.

Cidade movida a hidrogênio

Há 50 anos, a Olimpíada de Tóquio presenteou a cidade com um sistema de trem-bala que é referência mundial até hoje. Para os Jogos Olímpicos de 2020, Yoichi Masuzoe, ex-governador de Tóquio, disse ao jornal Wall Street Journal que queria deixar um legado ainda maior: transformar a capital em uma cidade movida a hidrogênio. Para isso acontecer, o governo pretende investir 330 milhões de dólares até 2020.

O plano é que a Vila Olímpica seja toda movida a hidrogênio. De acordo com o site AutoBlog, o governo de Tóquio quer colocar na rua pelo menos 100 ônibus e seis mil carros movidos a esse tipo de combustível e que os dormitórios dos atletas e a salas de imprensa tenham eletricidade produzida a partir do hidrogênio.

Taxis autônomos

Em outubro de 2015, Shinzo Abe, primeiro-ministro do Japão, disse durante a Reunião Anual da Ciência e Tecnologia na Sociedade que táxis autônomos serão uma realidade em 2020.

A Robot Taxi, empresa responsável pela produção dos automóveis, iniciou os testes de campo em março deste ano em Kanagawa, ao sul de Tóquio. Apenas 50 pessoas utilizam o carro autônomo para executar tarefas básicas, como ir ao supermercado, informou o WSJ. O taxi autônomo tem uma câmera estéreo, chamada de Robovision, para navegar e ele pode ser solicitado a partir de um aplicativo no smartphone.

Transmissão dos jogos em 8K

Durante a Olimpíada do Rio, o Serviço de Radiodifusão dos Jogos Olímpicos (OBS) filmou 130 horas de conteúdo 8K para os aparelhos de televisão dos japoneses. A Globo, em parceria com a emissora NHK do Japão, transmitiu em 8K a prova de 100 metros rasos do atletismo no Brasil – porém, a transmissão foi apenas para um público selecionado.

Para os Jogos Olímpicos de Tóquio, todas as competições serão transmitidas em 8K. Isso significa que a resolução será 16 vezes mais alta do que a alta definição padrão. Agora, se as TVs de 8K vão estar no Brasil em 2020 com um preço razoável já é outra história.

Tradução instantânea

O país sede da Olimpíada tem que abrigar milhares de atletas de mais de 200 países. Ou seja, são muitas pessoas falando diversas línguas. Para que o idioma não se torne uma barreira, o Instituto Nacional de Tecnologia da Informação e de Comunicações do Japão irá oferecer um aplicativo que faz traduções em tempo real.

Chamado de VoiceTra, o software já entende 90% do conteúdo falado, segundo informações adquiridas pelo site Gizmodo. Até agora, o app consegue traduzir frases em inglês, japonês, coreano e chinês. Em 2020, se espera que ele seja capaz de fazer traduções em 10 línguas. O VoiceTra também ficará disponível para o público em computadores e telefones em locais turísticos.

No setor privado, a Panasonic está desenvolvendo um aparelho que traduz a língua japonesa para dez idiomas, segundo o Gizmodo. O gadget é pequeno e pode ser usado como um colar.

Chuva de meteoros artificial

A cerimônia de abertura da Olimpíada em Tóquio promete ser um show de tecnologia. Um exemplo disso é a chuva de meteoros artificial que está sendo projetada pela startup ALE em parceria com universidades japonesas. A ideia é construir um microssatélite em formato de cubo que será lançado para o espaço. De lá, ele irá atirar minúsculas esferas que, devido à fricção com o ar, irão brilhar enquanto voam pelo céu.

De acordo com o site da startup, a composição química das esferas permite que elas brilhem tanto quanto uma estrela. Por isso, elas poderão ser vistas em centros urbanos e locais poluídos.

Para criar o espetáculo, a startup precisa de, pelo menos, quatro milhões de dólares. Em entrevista para o site Newsweek, Hironori Sahara, engenheiro aeroespacial da ALE, disse que o projeto não será usado apenas como entretenimento. “Mas, também, como uma ferramenta para observar continuamente a atmosfera.”

Algas como combustível para aviões

A Boeing quer transportar os turistas para os Jogos Olímpicos de Tóquio com aviões movidos a alga marinha. A empresa fez um consórcio com mais de 40 organizações, entre elas as companhias aéreas All Nippon Airlines e Japan Airlines, para desenvolver um combustível à base de algas.

A alga é uma fonte de energia que diminui as emissões de dióxido de carbono em até 70% em comparação com os combustíveis feitos a partir do petróleo. Além disso, ela cresce rapidamente e pode produzir 60 vezes mais óleo por acre do que o milho, outra fonte de energia alternativa. O único problema é que produzir combustível a partir de algas é extremamente caro (2,50 dólares dólares por um litro). É preciso que esse custo caia para 80 centavos para que o combustível se torne uma alternativa viável.

Fonte: Exame.com