Antigamente, a vaga era anunciada com o valor certeiro da remuneração ou, pelo menos, uma média. Porém, hoje em dia há uma discussão acirrada sobre como devem acontecer os recrutamentos.

O que está acontecendo hoje é que há uma enxurrada de recrutadores que não publicam o valor a ser pago como salário ao candidato que será contratado. Dizem que trabalham com a “pretensão salarial” de quem está interessado na vaga.

Há um leilão inverso nesse tipo de metodologia, ou seja, o candidato que mais se adequar à vaga e pedir menos é contratado. Mas será que isso é bom para quem está contratando ou para quem está sendo contratado?

O lado do contratante

Pensa que pagará menor salário e, por consequência, menos impostos, com a qualidade de trabalho que estava buscando. Será?

O lado do contratado

Normalmente as pessoas que se submetem a remunerações menores do que a média de mercado são aqueles que, por algum motivo (seja ele econômico ou familiar) estão necessitando muito de dinheiro para poder pagar suas contas.

Resumo da história

De um lado, o contratante estará feliz por ter conseguido o tão esperado profissional pagando menos por ele. Mas mal sabe ele que terá problemas em muito pouco tempo.
Este tipo de atitude acaba por tentar proporcionar a prostituição das classes dos trabalhadores que, para não ficarem desempregados, submetem-se a remunerações muito baixas.

Na maior parte dos casos, a empresa terá um profissional temporário que, depois de se estabelecer financeiramente, começará a se sentir insatisfeito com o valor que está sendo pago. Afinal de contas, o mercado paga certa média, enquanto o profissional se encontra recebendo bem menos que isso. Não adianta, de forma nenhuma, especular que foi o próprio profissional que se submeteu a este valor e que ele tem que ter consciência de suas atitudes. O ser humano busca sempre o crescimento e a satisfação pessoal. Nesse momento, este mesmo profissional tentará duas alternativas. A primeira será conversar com o empregador e pedirá a equiparação da média. Se houver acordo, muito bem, o profissional se sentirá valorizado e passará a trabalhar de forma confortável. Mas se não houver o acordo, como na maior parte das vezes não há, passará a buscar, agora empregado e sem as preocupações anteriores, novas oportunidades de trabalho e irá, sem dúvida alguma, para a empresa que o reconhece como um profissional qualificado. E o ciclo dos profissionais recrutadores se iniciará de novo, demandando tempo e dinheiro da empresa, além do acúmulo de trabalho.

Não estamos falando somente de remuneração. Estamos falando também de valorização e reconhecimento do profissional. Estamos falando de seres humanos. A consciência tem que vir de ambos os lados, sendo o empregador consciente de que, se trabalhar com as pretensões baixas, terá problemas num futuro breve e que terá que lidar com isso. E do outro lado, o profissional deve ter a consciência de pedir o que o mercado oferece a quem lhe está oferecendo a vaga. Se não houver esforço para esta compreensão de ambos os lados, o ciclo não será quebrado, e nem empresa, nem profissional, serão felizes e satisfeitos no fim das contas.