Pesquisa do Instituto de Transformação Digital da Capgemini revela que os gestores da indústria de manufatura esperam que os investimentos em fábricas inteligentes sejam responsáveis por um aumento de 27% de produtividade nos próximos cinco anos, o que deve adicionar US$ 500 bilhões à economia global.

Geralmente descrita como a pedra estrutural da “Revolução Digital Industrial”, a fábrica inteligente faz uso de tecnologias digitais, como Internet das Coisas (IoT), big data/analytics, inteligência artificial e robótica avançada, para aumentar produtividade, eficiência e flexibilidade. Os recursos da fábrica inteligente incluem robôs, trabalhadores que usam componentes de realidade aumentada (capacetes, projeções, lentes, tablets, vestíveis, entre outros) e máquinas que enviam alertas quando precisam de manutenção.

Ainda de acordo com o estudo, até o fim de 2022, os fabricantes esperam que 21% de suas fábricas sejam inteligentes. Setores como aeroespacial e defesa, fabricação industrial e automotiva, nos quais as pessoas já trabalham ao lado de máquinas inteligentes, devem liderar esta transição.

Como resultado de melhorias na produtividade e maior flexibilidade, as fábricas inteligentes se beneficiarão de reduções significativas nos custos operacionais. O relatório estima, por exemplo, que um fabricante automotivo poderia atingir uma melhoria de cerca de 40% na sua margem operacional por meio de melhores custos de logística e material, eficácia do equipamento e de qualidade de produção. Como tal, a maioria das empresas industriais já embarcou na digitalização de plantas produtivas para permanecer competitiva. Apenas 16% dos entrevistados dizem que não têm uma iniciativa de fábrica inteligente, ou planos futuros para implementar uma.

Países mais avançados

Segundo o relatório da Capgemini, os pioneiros na adoção, incluindo fábricas nos Estados Unidos e Europa, estão liderando a corrida, sendo que metade dos entrevistados na Alemanha, EUA, França e Reino Unido já implementaram fábricas inteligentes, contra 28% na Índia e 25% na China.

Uma divisão é vista também em vários setores: 67% da indústria de manufatura e 62% das aeroespaciais e de defesa têm iniciativas de fábricas inteligentes. No entanto, pouco mais de um terço (37%) das empresas de ciências da vida e farmacêuticas estão alavancando a tecnologia digital em busca de um modelo de negócio disruptivo.

“Um efeito colateral da globalização é que as empresas têm um conjunto mais diversificado de concorrentes, com tecnologia e ferramentas à sua disposição para melhorarem constantemente. Com a finalidade de criar polos de criatividade e nos destacarmos na multidão, estamos usando a tecnologia para fortalecer a nossa oferta”, diz Paul Boris, vice-presidente de indústrias de manufatura da GE Digital. “Por exemplo, abrimos nossa primeira fábrica inteligente em 2015 e conseguimos reduzir as paradas não planejadas entre 10% e 20%”.

Com ganhos econômicos provavelmente conservadores, fábricas inteligentes poderiam acrescentar US$ 1,5 bilhão à economia global, avalia a Capgemini. Conforme o estudo, o dinheiro está transbordando nas fábricas inteligentes: mais da metade (56%) dos entrevistados investiram US$ 100 milhões ou mais em iniciativas de fábricas inteligentes nos últimos cinco anos e 20% investiram US$ 500 milhões ou mais. No entanto, de acordo com a análise do Instituto de Transformação Digital, apenas um pequeno número de organizações (6%) está em estágio avançado de digitalização da produção. Além disso, apenas 14% dos respondentes estão “satisfeitos” com o seu nível de sucesso.

Fabricantes estão prevendo que 21% das suas plantas serão fábricas inteligentes até o final de 2022. À medida que os esforços dos fabricantes crescem e os retornos melhoram, o relatório prevê investimentos adicionais em digitalização. A previsão do estudo da Capgemini é de que metade das fábricas poderia ser inteligente até o final de 2022 com os ganhos de produtividade adicionando até $1,5 bilhão para a economia global.

“Este estudo deixa claro que estamos agora na revolução digital industrial e que o impacto disso na produtividade será profundo”, diz Jean-Pierre Petit, líder global de Manufatura Digital na Capgemini. “Os próximos anos serão críticos à medida que os fabricantes e seus concorrentes intensificam suas capacidades digitais e aprimoram sua abordagem para maximizar os benefícios comerciais”.

Fábricas inteligentes mudam mercado de trabalho

A mudança para fábricas inteligentes virá com uma redução significativa nos custos de mão de obra direta. A pesquisa da Capgemini mostrou que os fabricantes esperam uma redução de 25% nos custos de mão de obra em fábricas inteligentes até 2022. Embora a perspectiva de curto prazo seja sombria para empregos de baixa qualificação/baixo salário, muitos fabricantes reconheceram a obrigatoriedade das habilidades e estão agindo sobre ela. Mais da metade (54%) dos entrevistados estão fornecendo treinamento em habilidades digitais para seus funcionários e 44% estão investindo na aquisição de talentos digitais para preencher a lacuna de habilidades.

“Estamos vendo um grande sucesso no trabalho de nossos funcionários com novas tecnologias. Por exemplo, utilizamos robôs inteligentes em nossos negócios onde há questões ergonômicas, criando um ambiente mais seguro para os trabalhadores e dando-lhes tempo para se concentrarem em outras tarefas mais importantes”, diz Grego ire Ferre, diretor digital da Falecia. Sobre os planos de fábricas inteligentes da Falecia, ele acrescentou: “O lançamento de fábricas inteligentes greenfield, bem como a digitalização das mais de 300 plantas da Falecia, é um elemento fundamental do nosso programa de transformação digital. Também estamos vendo o sucesso em ‘renovar’ os processos antigos para sermos mais eficientes com, por exemplo, a redução do uso de papel ou com a adoção de tecnologia como parte do nosso esquema de manutenção preditiva – o que economiza tempo aos nossos funcionários”.

Metodologia da pesquisa

A pesquisa, que foi realizada de fevereiro a março deste ano, entrevistou mil executivos que ocupam o cargo de diretoria para cima em empresas de manufatura com uma receita de mais de US$ 1 bilhão ao ano. A pesquisa foi conduzida em seis setores: manufatura industrial, automotivo e transporte, energia e litigies, aeroespacial e defesa, ciências da vida e produtos farmacêuticos e bens de consumo. Diretores da Alemanha, China, Estados Unidos, França, Índia, Itália, Reino Unido e Suécia responderam entrevistas qualitativas e quantitativas.

Fonte: ComputerWorld