As empresas que saíram na frente na transformação digital conseguiram, além de elevar seus lucros, acelerar a expansão tanto regional como internacional, bem como assumiram posição hegemônica em seu setor de atuação, ao criar forte barreira de entrada para os concorrentes retardatários. A afirmação é de estudo intitulado “Innovation and disruption in Latin America”, conduzido pelo professor Raúl Katz, diretor de negócios e pesquisas de estratégias da Universidade Columbia e também diretor do Centro de Transformação Digital dos Negócios do gA.

Segundo ele, a transformação digital em curso na economia mundial desempenha papel disruptivo em diferentes setores da economia, em decorrência da maior eficiência nos processos produtivos, das mudanças radicais nas cadeias de valor e da criação de mercados por meio da implantação de novas plataformas de negócios. “As empresas que adotaram o novo modelo de produção em sua primeira etapa tornaram-se líderes de seu segmento e, em seguida, conseguiram rápida expansão por meio da economia de escala”, afirma Katz.

O professor enfatiza que este é o benefício da inovação. “Uma vez estabelecido o novo paradigma, essas empresas que adotaram inicialmente a digitalização se tornaram dominantes, aponta.  Isso é verdade porque conseguiram rentabilizar os negócios e obter efeitos em cadeia tão fortes que, uma vez alavancados, as empresas líderes acabam por conquistar uma posição dominante”, acrescenta.

Katz ressalta que a digitalização da produção é um fator fundamental para aumentar a eficiência da produção nos processos com o potencial adicional de gerar disrupção no setor. Efeitos que, apesar da volatilidade implícita que eles implicam em cadeias tradicionais, contribuem para a criação de novos negócios.

O estudo aborda casos de inovação digital na América Latina com ampla repercussão sobre os negócios em setores como agrobusiness, comércio eletrônico, aviação e telecomunicações. E chega às seguintes conclusões:

1) A transformação digital é permeável a todos os setores industriais, conforme amostra dos quatro casos na agricultura, varejo, transporte e mídia/telecomunicações. “Isso leva à conclusão de que praticamente todas as indústrias podem criar oportunidades de crescimento e diversificação de negócios a partir de novas estratégias digitais”, acentua Katz.

2) A inovação digital pode resultar em estratégias disruptivas. Em diversos casos o modelo de negócios é baseado na reformulação da cadeia de valor e produção comercial em suas respectivas indústrias.

3)  A transformação digital não deve ser limitada ao lançamento de modelos de negócios baseados em plataformas.

A implantação das tecnologias digitais nas cadeias de produção não é uma tarefa fácil, avisa Katz. Não se trata de automatizar processos de negócios originalmente concebidos em ambientes de produção física, da tecnologia “analógica”. Digitalização de produção envolve uma transformação radical das empresas, exigindo o restabelecimento das bases que levam à criação de valor, observa ele. “A digitalização ajuda a diferenciar os produtos e aumentar a disposição de pagar dos usuários, bem como para reduzir os custos com base em saltos em termos de eficiência. Além disso, a digitalização permite afastar concorrentes ao criar uma nova proposta de valor para os clientes. Finalmente, a digitalização dos processos de produção inclui a assimilação de novas tecnologias digitais nas cadeias de valor das indústrias com o objetivo de incorporar novos métodos de colaboração no design de produto e fornecimento de insumos, ou para ganhar flexibilidade na produção e adaptar-se à transformação de canais de distribuição.”

A transformação digital — também chamada de internet Industrial — implica a reestruturação das cadeias produtivas mediante a introdução massiva de comunicações, aplicativos, plataformas, tecnologias avançadas e conteúdo digital. Ao contrário de outras revoluções tecnológicas anteriores, causadas pela adoção de eletricidade ou ferrovias, a digitalização é baseado na combinação de vários componentes, incluindo semicondutores, redes de comunicações, engenharia da computação, robótica, inteligência artificial e sensores, diz o estudo.

Fonte: ComputerWorld