Formar-se na universidade é uma vitória, mas apenas o começo de sua carreira como profissional. Agora, começam as decisões difíceis da vida adulta. O primeiro emprego é só o primeiro passo, mas como ter certeza de que entrou na rota certa de carreira?

Segundo Adriana Gomes, orientadora de carreira e diretora do site Vida e Carreira, você nunca terá certeza. “Inseguranças e dúvidas acontecem ao longo da vida, mas elas podem ser produtivas”, diz ela.

O primeiro emprego é o momento para aprender competências que a faculdade não ensina. Trabalhar o autoconhecimento é uma das lições que o jovem deve buscar e que permitirá lidar melhor com as decisões importantes que deve tomar durante sua vida profissional.

“Se você checa constantemente se a atividade faz sentido com seus valores, crenças e o valor que tem para você, o questionamento pode ser muito produtivo e evita que você se acomode”, fala Gomes.

Até mesmo na hora de escolher o primeiro emprego, é útil observar se há espaço para aprender competências comportamentais e interpessoais típicas do ambiente de trabalho, como negociação, hierarquia e código de vestimenta. E vale priorizar essas no lugar das oportunidades financeiras.

Para alinhar as expectativas com a realidade, Juliana França, coordenadora de projetos da Page Talent, explica que cabe ao jovem pesquisar sobre a empresa e questionar o RH sobre a rotina de trabalho.

“Com a internet e o LinkedIn, a facilidade de se comunicar e trocar informações sobre as empresas é muito maior. O jovem deve usar isso a favor dele. Muitas vezes, as empresas se vendem como um comercial de margarina, onde tudo é perfeito. Na entrevista, ele pode perguntar ao RH detalhes sobre o cotidiano para compreender melhor o que pode esperar”, diz a especialista.

Para Juliana, essas atitudes ajudam o jovem a ser protagonista de sua carreira desde o início, tendo clareza do que procura e não deixando a empresa ditar seu progresso.

Como no mundo real nada é perfeito, pode ser que o ensinamento do primeiro trabalho seja que você não gostaria de seguir aquilo como carreira. E tudo bem. Adriana Gomes afirma que as primeiras experiências profissionais não precisam ser muito longas.

Um estágio, por exemplo, pode durar oito meses e dar ao jovem uma boa base sobre as atividades. “As empresas querem reter profissionais, mas se aquela não é a atividade que a pessoa gostaria de fazer por muito tempo, outras experiências podem ser mais enriquecedoras. Até para ter a capacidade de comparação”, explica.

Juliana discorda em partes: pular de emprego em emprego pode passar uma impressão ruim para o recrutador. “As empresas não estão abertas para testes. Na maioria dos casos, querem que o profissional entre e se desenvolva ali”, diz.

Após a crise econômica, a tendência é que os jovens também procurem por carreiras estruturadas quando entram no mercado. O estudo Carreiras em Transformação, da Page Talent, indica que 61% se sentem atraídos por oportunidades que tenham plano de carreira, liderando a lista de atrativos antes mesmo de valor do salário ou bolsa auxílio, com 45%. “Essa turma teve uma dose de realidade com a crise e quer estabilidade agora”, diz Juliana.

O estudo foi realizado em abril e maio deste ano, contando com a participação de 4093 candidatos a programas de estágio e trainee e 310 representantes de RH de empresas de diversos setores e portes.

Fonte: Exame